A história do vinho em Portugal
O vinho faz parte da cultura portuguesa e a vitivinicultura é um dos sectores mais importantes da agricultura nacional. O património ligado à produção de vinho é extenso, desde a região do Douro reconhecida pela UNESCO como Paisagem Cultural até aos métodos seculares de produção de vinho que têm sido modernizados com o auxílio da tecnologia mais atual.
A localização geográfica de Portugal e a sua área reduzida não o impede de ser um dos maiores produtores mundiais de vinho.
Portugal tem muito para oferecer no sector vinícola. Com cerca de 250 castas autóctones é um dos países com mais variedade de castas nativas.
Em Portugal o consumo de vinho está intimamente ligado às refeições, sendo o complemento preferido de muitos portugueses na altura de degustar as iguarias nacionais.
Cronologia (Instituto do Vinho e da Vinha)
2 000 A.C.
Pensa-se que a vinha foi introduzida na Península Ibérica, no vale do Tejo e Sado, pelos primeiros habitantes destas terras, os Tartessos. Nas trocas comerciais que estabeleciam com outros povos, utilizavam o vinho, entre outros produtos, como moeda de troca. Todos os outros povos que se seguiram, Fenícios, Gregos, Celtas e Iberos contribuíam para o desenvolvimento da viticultura e do vinho com introdução de novas variedades de uva e novas técnicas.
Séculos II A.C. - VII D.C.
Com a conquista da Península Ibérica pelos Romanos, no ano 15 A.C., a cultura da vinha e do vinho sofreu o seu maior desenvolvimento. Roma era um dos principais consumidores de vinho e a oferta não conseguia satisfazer toda a procura. Com a decadência do império Romano, Suevos e Visigodos conquistaram a Lusitânia. Apesar de não introduziram inovações abraçaram a cultura romana do vinho.
Séculos VIII - XII
Com as invasões árabes inicia-se um novo período. Mas, apesar destes povos proibirem o consumo de bebidas fermentadas, não impediram o cultivo da vinha nem a produção de vinho, como medida para que os agricultores continuassem a trabalhar a terra, o que permitiu que Lisboa mantivesse as exportações de vinho. Mais tarde, nos séculos XI e XII, o cultivo da vinha regrediu devido á aplicação de medidas mais restritivas.
Séculos XII - XIV
As lutas que antecederam a reconquista cristã levaram à destruição de várias culturas incluindo vinhedos. Com a fundação de Portugal em 1143 e com a conquista de todo o território aos mouros em 1249, D. Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal, permitiu que várias ordens religiosas povoassem extensas áreas agrícolas. O cultivo da vinha e o consumo de vinho passou a ser uma importante fonte de rendimento para os senhores feudais e para as ordens religiosas.
Na segunda metade do séc. XIV a produção de vinho sofreu um grande desenvolvimento e incrementou-se a sua exportação.
Séculos XV - XVII
A expansão marítima portuguesa levou o vinho aos quatro cantos do mundo. Em meados do séc. XVI Lisboa era o maior centro de consumo e distribuição de vinho do império. Foram as longas viagens do vinho licoroso em cascos de madeira que permitiram que os portugueses adquirissem conhecimentos empíricos sobre o envelhecimento do vinho. O calor, o tempo e o balanço tornava estes vinhos, chamados de “torna-viagens”, excecionalmente bons.
Séculos XVIII - XX
Em 1703 foi assinado o Tratado de Methuen com o objetivo de ajudar a estabelecer relações comerciais entre a Inglaterra e Portugal. O tecido de lã inglês era importado com isenção de direitos e, em troca, os vinhos portugueses eram exportados para a Inglaterra beneficiando de uma redução de um terço nas taxas, relativamente aos vinhos importados de França. A exportação do vinho conheceu um novo impulso principalmente o vinho do Porto.
O rápido crescimento das exportações levou a más práticas por parte dos produtores e a um decréscimo de qualidade. Entáo para regulamentar a produção e o comércio do famoso Vinho do Porto o Marquês do Pombal criou 10 de Setembro de 1756, a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, prevendo a necessidade de se demarcar a região, o que se concretizou mais tarde- Segundo alguns investigadores o Douro foi a primeira região vinícola a ser demarcada.
O século XIX foi um período negro para a viticultura em Portugal e também na Europa. A partir de 1870 uma nova praga apareceu vinda da América – a filoxera (Phylloxera Vastatrix). Começou no Douro, cujas vinhas ainda não tinham recuperado da praga do oídio que apareceu em 1852, e rapidamente se alastrou por todo o país. Este inseto foi devastador para as vinhas de Portugal e de toda a Europa. Colares foi a única exceção pois os seus vinhedos estão plantados em chão de areia e o inseto da filoxera não consegue sobreviver na areia.
No início do séc. XX demarcaram -se as regiões de alguns vinhos que ficaram famosos como o Vinho Madeira, Moscatel de Setúbal, Carcavelos, Dão, Colares e Vinho Verde.
Com o Estado Novo (1926/1974) foi criada a Federação dos Vinicultores do Centro e Sul de Portugal (1933) com vista à regularização do mercado.
À Federação, seguiu-se a Junta Nacional do Vinho (1937), organismo de âmbito mais alargado, que intervinha tendo em conta o equilíbrio entre a oferta e o escoamento, a evolução das produções e o armazenamento dos excedentes de forma a compensar os anos de escassez.
A Junta Nacional do Vinho veio a ser substituída em 1986 pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), organismo adaptado às estruturas impostas pela nova política de mercado decorrente da adesão de Portugal à Comunidade Europeia.
O conceito de Denominação de Origem foi harmonizado com a legislação comunitária, e foi criada a classificação de "Vinho Regional", para os vinhos de mesa com indicação geográfica e foram constituídas Comissões Vitivinícolas Regionais.
Atualmente Portugal tem 33 Denominações de Origem e 8 Indicações Geográficas. (IVV)